Nelson Rodrigues (1912-1980) completaria 110 anos neste 23 de agosto. Com obras que marcaram o moderno teatro brasileiro, ele segue como importante referência para diferentes gerações. A Fundação Nacional de Artes – Funarte celebra a vida e a obra do dramaturgo, apresentando alguns dos itens disponíveis no seu Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) para ressaltar um pouco de toda a contribuição de Nelson Rodrigues para a dramaturgia do país. Confira, nesta publicação, fotografias e programas de espetáculos e assista a vídeos com depoimentos.
“É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez”, declarou Nelson Rodrigues em entrevista ao Serviço Nacional de Teatro (SNT), em 1974. Em seus textos, essas duas faces do ser humano apareciam em destaque, provocando reações também distintas por parte do público — o que não o impediu de transformar profundamente a literatura e o teatro do país.
Dos jornais ao teatro
Filho do jornalista Mario Rodrigues (1885-1930), irmão de figuras igualmente importantes como Mario Filho (1908-1966) e Roberto Rodrigues (1906-1929), Nelson Rodrigues nasceu em Recife, Pernambuco. O pai se mudou ao Rio de Janeiro e a família partiu em seguida, quando Nelson tinha cinco anos. Passaram a morar na Rua Alegre, em Aldeia Campista, na Zona Norte carioca.
Aos 13 anos, Nelson Rodrigues já atuava como repórter policial no jornalA Manhã, um dos periódicos fundados pelo pai. A partir de então, foram muitas contribuições para a imprensa do país. Entre seus textos jornalísticos, destacaram-se aqueles dedicados ao futebol, nos quais transformava partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis. Mas também assinou artigos e crônicas, como a popular e discutida colunaA Vida Como Ela É….
Já a consagração no teatro veio a partir de sua segunda peça,Vestido de Noiva, encenada em 1943, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pelo grupo amador Os Comediantes, com direção de Ziembinski e cenários de Tomás Santa Rosa.
Nelson Rodrigues morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 68 anos. Além dos romances, contos e crônicas, deixou 17 peças que, vistas em conjunto, colocam-no entre os grandes nomes do teatro brasileiro e universal.