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Nelson Rodrigues, 110 anos: Funarte celebra vida e obra do dramaturgo

Confira itens do acervo da instituição, como depoimentos em vídeo, programas e fotografias de espetáculos

23/08/2022 às 10h25
Por: Redação Fonte: Funarte
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Nelson Rodrigues - Acervo : 1949 Coleção Foto Carlos/Cedoc - Funarte
Nelson Rodrigues - Acervo : 1949 Coleção Foto Carlos/Cedoc - Funarte

Nelson Rodrigues (1912-1980) completaria 110 anos neste 23 de agosto. Com obras que marcaram o moderno teatro brasileiro, ele segue como importante referência para diferentes gerações. A Fundação Nacional de Artes – Funarte celebra a vida e a obra do dramaturgo, apresentando alguns dos itens disponíveis no seu Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) para ressaltar um pouco de toda a contribuição de Nelson Rodrigues para a dramaturgia do país. Confira, nesta publicação, fotografias e programas de espetáculos e assista a vídeos com depoimentos.

“É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez”, declarou Nelson Rodrigues em entrevista ao Serviço Nacional de Teatro (SNT), em 1974. Em seus textos, essas duas faces do ser humano apareciam em destaque, provocando reações também distintas por parte do público — o que não o impediu de transformar profundamente a literatura e o teatro do país.

Dos jornais ao teatro

Filho do jornalista Mario Rodrigues (1885-1930), irmão de figuras igualmente importantes como Mario Filho (1908-1966) e Roberto Rodrigues (1906-1929), Nelson Rodrigues nasceu em Recife, Pernambuco. O pai se mudou ao Rio de Janeiro e a família partiu em seguida, quando Nelson tinha cinco anos. Passaram a morar na Rua Alegre, em Aldeia Campista, na Zona Norte carioca.

Aos 13 anos, Nelson Rodrigues já atuava como repórter policial no jornalA Manhã, um dos periódicos fundados pelo pai. A partir de então, foram muitas contribuições para a imprensa do país. Entre seus textos jornalísticos, destacaram-se aqueles dedicados ao futebol, nos quais transformava partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis. Mas também assinou artigos e crônicas, como a popular e discutida colunaA Vida Como Ela É….

Já a consagração no teatro veio a partir de sua segunda peça,Vestido de Noiva, encenada em 1943, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, pelo grupo amador Os Comediantes, com direção de Ziembinski e cenários de Tomás Santa Rosa.

Nelson Rodrigues morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 68 anos. Além dos romances, contos e crônicas, deixou 17 peças que, vistas em conjunto, colocam-no entre os grandes nomes do teatro brasileiro e universal.

Veja alguns vídeos produzidos pela Funarte

A Funarte disponibiliza, em seu canal no YouTube, diferentes materiais sobre Nelson Rodrigues.

O depoimento da atriz Yoná Magalhães (1935-2015) sobre a atuação dela na montagem de Vestido de Noiva, em 1965, e sobre o apoio que recebeu de Nelson na coxia após um incidente na estreia. “Meu véu ficou preso e pisei nele. Foi um tombo para ninguém botar defeito”, conta Yoná. Até aquele dia, a atriz ainda não havia conhecido o dramaturgo pessoalmente. “Ele me abraçou, me apoiou, me acolheu, me deu força. Era tudo o que eu precisava. Esse era o Nelson, esse ser maravilhoso”, completa a atriz.

Assista ao depoimento na íntegra aqui

Também é possível conferir outros vídeos relacionados a Nelson Rodrigues no canal da Funarte no YouTube, como o que apresenta um pouco da história do fotógrafo Carlos Moskovics, que entre os anos 1940 e 1980 registrou imagens dos principais espetáculos teatrais encenados no Rio de Janeiro, e também depoimento, em áudio, de Nelson Rodrigues ao SNT, em 1974.

Veja o vídeo, também com fotografias de Carlos Moskovics

Fotografias, programas e outros materiais

O Cedoc da Funarte é o setor responsável por preservar, organizar e dar acesso ao patrimônio documental da Fundação. O Centro disponibiliza fotografias, programas dos espetáculos e também resenhas e comentários sobre espetáculos teatrais de Nelson Rodrigues.

Graças à digitalização do acervo da Coleção Carlos Foto pelo projeto Brasil Memória das Artes, da Funarte, é possível apreciar registros fotográficos como de Nelson Rodrigues em cena e durante ensaios de alguns de seus espetáculos. Em Perdoa-me por me Traíres, o escritor dividiu cena com a atriz Léa Garcia e com o produtor e ator Gláucio Gill. A montagem, de 1957, ocupou o Teatro Municipal e, um ano depois, o Teatro da Praça, hoje conhecido como Teatro Gláucio Gill.

Muitas outras fotografias estão disponíveis no Cedoc, como registros da irmã de Nelson Rodrigues, Dulce, no espetáculo Valsa nº 6, encenado também no Rio de Janeiro, no Teatro Serrador, em 1951, sob direção de Henriette Morineau, e no espetáculo A Mulher sem Pecado, em 1957.

O Cedoc também guarda programas de montagens realizadas a partir de textos do dramaturgo, como o programa de A Falecida, com Sônia Oiticica e direção de Bibi Ferreira, no Teatro Municipal. No material do espetáculo Anjo Negro, de 1948, estrelado por Maria Della Costa, é possível observar inserções dos patrocinadores da época. No programa de Beijo no Asfalto, que marcaria a primeira incursão de Fernanda Montenegro pela obra de Nelson Rodrigues, em 1961, a companhia teatral Teatro dos Sete descreve anseios e expectativas sobre o fazer teatral no Brasil. O elenco contava com nomes como Francisco Cuoco, Sérgio Britto e Ítalo Rossi.

Programas de Bonitinha, mas Ordinária, estrelada por Tereza Rachel, em 1962, no Teatro Maison de France; Perdoa-me por me Traíres (Teatro Municipal, 1957), com uma colagem de fotos dos atores, incluindo o próprio Nelson Rodrigues; Toda Nudez Será Castigada; Viúva, Porém Honesta; e de montagens variadas de Vestido de Noiva também fazem parte de acervo.

Confira o acervo aqui

Informações sobre os materiais do Cedoc Funarte podem ser obtidas pelo e-mail [email protected]

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